Pensando em minha amiga Marcela Isis....
Por modo de que eu sempre me pego pensando nela. Por modo dela ser essa pessoa que eu admiro e por quem tenho um apreço imenso.
Soneto
Qualquer coisa que tu digas tem aval
Se mal, que tal? digo quase sempre sim
Ou pior, digo: não sei, peço tua mão
Se iluda, escuta, melhor assim
Mas é átimo golpear o melhor
Sem dó, sem dor, a golpes de não-não-não
Cansei da rotina, de fingir
E rir, mentir, na tua explicação
Eu sempre finjo que não sei
Pra não morrer assunto
Pra me manter sempre junto
Agora quero te ver dançar
Brilhar de próprio si
Quero ver-te fazer-me rir, por ti
Para que eu possa subverter a lógica
de um soneto. Para que possa haver um som
insano, nessas palavras. O que quero dizer é:
Por voçê eu quero chutar o pau da barraca
E arrancar do meu peito essa sensação de já vi antes
Eu vi, eu cri, eu expresso
Mas prefiro não falar agora.
(Gutch Costa)
Bordados e Transados
Cultura, variedades e contemporaneidades
sexta-feira, 25 de março de 2016
domingo, 20 de março de 2016
Tem coisas na vida que você sabe que não deve fazer, mas faz...
Em suma, antes de qualquer coisa, o que eu quero, mas ainda não tive tempo de fazer, é criar um espaço para divulgação artística e cultural. Seja qual for. Por enquanto, vai um poeminha que fiz tão rápido que nem deu tempo de saber se está razoável. Sem dedicatória, mas tendo. Que fique subentendido.
Angel
Não é por ter esquecido
Que a plena noção de sentido
Perde a devida frequência
Sinto veementemente, que estou num momento indevido
E devo isso, traçando em miúdos
À um leve momento onde me deixei levar
Ao fundo escuto Angel
E são tantas as canções com esse nome
Que deixo ao imaginar de quem quiser adivinhar
Essa lépida trilha
Quero trilhar em passos lentos
Seguindo não em frente, mas ao largo
E para trás, recuperando em memórias
Compartilhadas ao único tangível, Miro
E à tantas que perpassam, Madalenas
Eu lembro de ti, com um Q de mistério
Algo que meramente ao estar, se firmava
E se instalava em meu pensar
E eu queria, pois eu estava ali
Parado, centrado, em silêncio, mas cantando
Admirando, sem saber
Ao teu intento, re-invento
Esse momento é muito mais que recordar
É sentir na pele, e com direito a fundo musical
Que qualquer momento à sós pode ser uma cena de cinema
Se houver, na sua frente, o real ausente
Mas presente...
Eu falo, às vezes eu desdigo, mas reafirmo, e me calo
Fica no ar
Uma certeza
Pra que falar tanto,
Se nós falta apenas um gesto?
(Gutch Costa)
Em suma, antes de qualquer coisa, o que eu quero, mas ainda não tive tempo de fazer, é criar um espaço para divulgação artística e cultural. Seja qual for. Por enquanto, vai um poeminha que fiz tão rápido que nem deu tempo de saber se está razoável. Sem dedicatória, mas tendo. Que fique subentendido.
Angel
Não é por ter esquecido
Que a plena noção de sentido
Perde a devida frequência
Sinto veementemente, que estou num momento indevido
E devo isso, traçando em miúdos
À um leve momento onde me deixei levar
Ao fundo escuto Angel
E são tantas as canções com esse nome
Que deixo ao imaginar de quem quiser adivinhar
Essa lépida trilha
Quero trilhar em passos lentos
Seguindo não em frente, mas ao largo
E para trás, recuperando em memórias
Compartilhadas ao único tangível, Miro
E à tantas que perpassam, Madalenas
Eu lembro de ti, com um Q de mistério
Algo que meramente ao estar, se firmava
E se instalava em meu pensar
E eu queria, pois eu estava ali
Parado, centrado, em silêncio, mas cantando
Admirando, sem saber
Ao teu intento, re-invento
Esse momento é muito mais que recordar
É sentir na pele, e com direito a fundo musical
Que qualquer momento à sós pode ser uma cena de cinema
Se houver, na sua frente, o real ausente
Mas presente...
Eu falo, às vezes eu desdigo, mas reafirmo, e me calo
Fica no ar
Uma certeza
Pra que falar tanto,
Se nós falta apenas um gesto?
(Gutch Costa)
quinta-feira, 3 de março de 2016
Considerações imperfeitas sobre esse indecifrável sentimento chamado amor
“Eu só
peço a Deus um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade;
eu sou poeta e não aprendi a amar”
(Cazuza-Frejat)
“Amar
é colocar nossa felicidade na felicidade do outro”. Com essa frase, Gottfried
Leibnitz tentou definir o que é amar. Colocando essa frase num estado de
pessoalidade, pode ser uma definição correta. “Para mim, amar é colocar minha
felicidade...” Se a pessoa a dizer isso
se basear na abnegação e numa grandeza de espírito semi-irracional, ela estará
certa. E será feliz assim. Mas se analisarmos o verbo amar de maneira geral,
essa afirmação de Leibnitz pode parecer um tanto rasa.
Vale dizer que é correto analisar o verbo amar, e não
o substantivo amor. A predominância lingüística
é do verbo, pois amor é algo que se sente. E sendo verbo, nós sentimos amor, nós
desejamos, buscamos, nós queremos, enlouquecidamente, às vezes, esse sentir
incerto e indecifrável. Não cabe,
entretanto definir o que é amar, e sim entender o que sente uma pessoa que está
amando. Quem ama, se não for Narciso, ama alguém ou algo. Então, amar não diz
respeito somente a nós mesmos, como a dor, a alegria, a depressão. Amar
pertence à mesma categoria de odiar, invejar, admirar, e por isso deve ser
analisado, como verbo, de modo a abranger o que este sentimento provoca,
socialmente na pessoa que ama.
Quem passa a amar, se transforma tanto no psicológico
como no social. Quem ama vê as coisas de outro modo, torna-se romântico,
torna-se bobo, as vezes. Quando se modifica a visão de realidade, a
transformação deixa de ser individual e passa a ser também sociológica, pois
não sendo autistas, nos relacionamos com pessoas, com a realidade.
Quem ama, torna-se por vezes, egocêntrico. Mas como
pode ser egocêntrico alguém que ama? Amar não é, de jeito algum, um verbo
egoísta. Quem ama, ama alguém ou algo, e egoísta é quem ama a si próprio e às
suas idéias, somente. E não é esse o objeto de discussão. Está se analisando
quem ama alguém, e como se transforma quem ama alguém.
Ninguém sabe amar, pois ninguém sabe o que é amar. O
amor só existe, se for perfeito, mas a perfeição só existe com falhas. Parece
pertinente analisar uma situação hipotética, pra entendermos o ser humano que
ama, e o que lhe é exterior quando se vê com olhos de quem ama.
O que seria a felicidade para quem ama? Não seria a felicidade do outro, por certo.
Seria a realização do seu amor, e isso se dá quando se alcança a completude.
Essa situação precisa ser analisada profundamente. O
amor, por não ser egoísta, deve ser dividido com quem se ama. Devemos então
dividir a completude pela satisfação para alcançarmos a felicidade.
completude
__________ =
felicidade
satisfação
Deve-se criar dois personagens para facilitar o
raciocínio.
X e Y
X =
CARLILDO
Y =
FLORISVALDA
Existe um amor forte de Carlildo por Florisvalda,
mas Florisvalda nao corresponde.
Tudo o que
Carlildo espera é sentir completude e satisfação. Nesse caso a satisfação se
chama Florisvalda, e a completude se chama namoro. O namoro, dividido pela
satisfação, pois ter-se-ia que dividir a satisfação por dois, significaria a
felicidade para Carlildo.
Portanto se estabelecermos que: Completude= C e
satisfação= S, teremos
C/S =
F(felicidade)
E temos
também: X+Y = R (realização do amor platônico)
Se
estabelecermos que a realização de um amor platônico significa, pelos menos
momentaneamente, a felicidade, chegamos a tal equação:
C/S = X+Y
Resultado:
dividindo-se a completude pela satisfação, a dois, quando se está se relacionando,
se alcança o que se chama felicidade. Mas onde a felicidade estaria incluída?
Na categoria dos sentimentos egoístas ou dos sentimentos sociais?
Felicidade
e alegria, são sentimentos sociais, embora não dependam de outras pessoas para
existir, são sentimentos que, ao existirem, contagiam e que se fazem notar de
tal forma, que é possível compartilha-los.
Mas o que
determina o resultado R? Como se comporta alguém após realizar o amor
platônico? Ao tornar real o que é platônico, perde-se o sonho, a fantasia. O
que aconteceria ao subtrair-se do amor a fantasia? Não parece sequer imaginável
que o amor possa existir sem fantasia, sem romantismo, mas nem tudo possível é
imaginável. É comum que alguém realizado, após o momento inicial de êxtase, se
torne relaxado. É possível que com o amor ocorra a mesma coisa. Ao não se ter
pelo que lutar, não se luta mais. Não se sonha e se acostuma com o fato. Fatos
ocorrem e ninguém pensa que fatos precisam ser mantidos ou até mesmo
direcionados.
São raras
as pessoas que entendem que é preciso alimentar o amor, platônico ou não.
Porém, ao se considerar as equações, chega-se à
conclusão que F = R
A
realização do amor platônico se dá com a felicidade, que se dá com a consumação
do que se deseja. Torna-se obvio que a
completude se dá ao se multiplicar a felicidade pela satisfação.
É necessário analisar a situação utilizando os
personagens criados.
Carlildo
lutou para conquistar Florisvalda, e de alguma forma ele conseguiu. Florisvalda
não ama Carlildo, mas aceitou namorar ele, porque se encantou com seu jeito e
com a sinceridade de suas declarações. Com a equação resolvida, os dois passam
a viver uma situação real. Florisvalda descobre que Carlildo a faz sentir
completa e o tempo lhe traz satisfação. Ou seja, a felicidade dos dois gera a
completude.
Mas
Carlildo não sabe amar, e sente falta do tempo em que sonhava. O amor acaba
virando rotina, fica chato. Cria-se uma nova situação: Florisvalda sente amor e
Carlildo acha que nao sente mais. Ele ainda a ama, mas não sabe o que é amar.
Deixe-se os personagens de lado e analise-se essa
situação.
Será que
amor acaba? Será mesmo que tudo que se diz amor, é amor? O amor não é cego,
como dizem. a paixão, sim, é cega e não permite momentos entediados ou
rotina. Mas o amor é humano demais para
viver em chamas o tempo todo. O amor é ser, e não estar, e quem ama enxerga
muito bem os defeitos de quem ama. Aceita-os ou tenta conserta-los, mas nunca condiciona
o fato de manter o amor a esses defeitos. Se tentar não conseguirá.
O amor nao
acaba. Se acabar, não era amor.
“E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?”
(Renato
Russo)
Existe, atualmente,
uma modalidade de relacionamento muito interessante, chamada " amizade
colorida". Interessante e honesta,
pois nao se condena a cobranças, desgastes e rotina. Não é preciso amar para se
relacionar com alguém. Se fosse, seria quase impossível descobrir o amor, pois
só o tempo o descobre. Na música Língua, uma ode à língua portuguesa composta por
Caetano Veloso, diz-se: "Eu sei que a poesia está para a prosa assim como
o amor está para a amizade, e quem há de negar que esta lhe é superior?"
Surge uma
pergunta: para que tentar transformar amizade em amor, se são coisas
diferentes, e se parece realmente impossível negar que a amizade é superior ao
amor? Amizade e amor podem existir em concomitância, mas sozinhos, parece óbvio
que somente a amizade sobreviveria. Dá pra imaginar um amor sem amizade? O
termo "amizade colorida", nao se propôe a unir amizade e amor, mas é
fascinante porque também não se propôe a
exigir amor para sentir-se bem com outra pessoa, e sentir prazer com ela. E
melhor ainda, a amizade continua.
Imagine-se
mais dois personagens: Lucas Moura e
Roberta Margarida, amigos de infância e hoje colegas de trabalho. Quando
crianças, existia uma coisa legal, chamada inocência, mas a evolução natural do
ser humano exige a extinção dessa "coisa". O fato é que tanto Roberta
como Lucas cresceram, simpaticos, bonitos, inteligentes. E ambos passaram a olhar o outro sem inocência,
e passaram a se querer. Mas não se amam, e são amigos, e
existe o
risco de estragar a amizade, e existe isso, aquilo, mil coisas axiomáticas que
impedem a simples realização do desejo mútuo. A situação seria resolvida se
Lucas e Roberta recorressem à
"amizade colorida" . Manter-se-ia a amizade, satisfaria-se o
tesão, não haveria compromisso, e quem sabe eles passariam a se amar
futuramente.
Entretanto,
amizade colorida não é sinônimo de
ficar, e se eventualmente for, é
sinônimo imperfeito, pois amizade
não é requisito para ficar com alguém.
Faz-se necessário explicar o que é ficar, mas ficar é tão difícil de definir
que parece oportuno recorrer a um dicionário.
Tirado do
Aurélio:
16. Bras. Pop. Namorar sem compromisso,
durante um curto espaço de tempo (às vezes, por uma noite)
Não parece
correto usar o termo namorar, mas
tirando isso, a definição parece
perfeita. E são essas as
modalidades de relacionamento mais utilizadas nos dias de hoje: Ficar e amizade colorida. O amor é tão raro,
tão complicado por ser tão simples. Para
que exigir de um relacionamento amor?
E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?
Será que precisa
dizer eu te amo?
"Como os homens possuem o dom de aperfeiçoar
tudo o que a natureza lhes
deu,
também aperfeiçoaram o amor. O asseio, os cuidados com o nosso
corpo,
tornando a pele mais delicada, aumentam o prazer do tato, e
a
vigilância da saúde torna os órgãos da voluptuosidade mais sensíveis
ainda.
Todo os outros sentimentos penetram a seguir no de
amor, tal como os
metais
se amalgamam com o ouro: a amizade, a estima vêm em seu auxílio;
os
talentos do corpo e do espírito forjam novas e ternas cadeias."
(Voltaire)
Fica cada
vez mais evidente que o amor é perfeito. É um sentimento que depende de outros
sentimentos, que gera outros sentimentos. O amor depende de uma única regra
para existir: ele não acaba. Amor é eterno, como o de Dante por Beatriz, dos 9
anos de idade até o fim da vida, sem nunca terem consumado e tendo ela morrido
aos 24 anos.
Muito se
confunde amor e paixão, ou paixão e desejo. Espertos são os que dispensam
comparações, que apenas curtem o que desejam, sem procurar amor onde não tem. O
amor é raro e lindo, mas esperar por ele, e querer que ele exista a qualquer
custo não é uma boa opção. Feliz é Florisvalda, que não esperou por ele, mas o
recebeu de presente, não o quis, mas teve que aceitá-lo. Tristes são Lucas
Moura e Roberta Margarida, que colocaram barreiras na realização dos seus
desejos, confundindo amor, amizade e tesão.
Não é
possível definir amor. Pode-se analisá-lo, discorrer sobre ele, mas nunca
defini-lo, nunca enclausurá-lo em quatro paredes verbais e limitá-lo.
Amar é
simplesmente amar.
Gutch Costa*
* Gutch é licenciado em Ciências Sociais, mas escreveu este texto muito, mas muito tempo antes de pensar em ser alguma coisa.
* Gutch é licenciado em Ciências Sociais, mas escreveu este texto muito, mas muito tempo antes de pensar em ser alguma coisa.
Assinar:
Postagens (Atom)